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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Crítica negativa a cultura goiana e a Clara Dawn - segundo Márcia Brasil

Foi publicado no Diário da Manhã - Opinião Pública - página 08, dia 27/10/2011 (Quinta-feira) o seguinte texto:

Crítica a literatura goiana – por Márcia Brasil (Publicada na Opinião Pública – DM – página 08 no dia 27/10/2011)

“Não há nada nesse planeta que alguém possa me dizer, que já não tenha passado pela minha cabeça. Um monte de lixo emocional, essas crônicas da que se diz "romancista" clara dawn. Porém, algumas pessoas abitoladas como essa pobre professora Fátima, acabam deixando  sentar  na mente, pensamentos de caridade em relação a literatura provinciana de uma cronista mais provinciana ainda. Me admira muito um jornal com Diário da Manhã que é lido no Brasil e no exterior alimentar esse tipo de coisa. Me senti diretamente ofendida  quando a tal professora, comparou clara dawn a Anatole Ramos e Marieta Telles. Aposto que ambos se reviraram em suas sepulturas.   Esse tipo de elogio é muito irritante. É o desejado  pontapé que às vezes salva uma pessoa do fundo do poço existencial e eterno! Talvez seja esse o caso "claradawniano". Talvez, ela, em seus fracassados rabiscos, esteja necessitando mesmo de uma salvadora de benjala. Algo que lembre Moíses e o seu velho cajado, mas ao contrario do povo que Moises salvou do Rei Herodes, o máximo que clara conseguirá com sua literatura primária e mal escrita, é um pouco de bajulação de seus pares e fãs incultos. Geralmente, só quem tem coragem (ou seriam colhões) suficiente é capaz de verbalizar as verdades-verdadeiras sobre essa literatura que vem sendo produzida a torta e a direita em Goiânia, como se fosse chuchu - tantos, tantos e tão sem graça. 183 mil lixos numa única lixeira - ops, "livros" lançados de uma vez só. Essa coisa tem que ser mudada, repensada ou deletada da história da literatura goiana. Acorda minha gente!" Márcia Brasil
Segue abaixo a resposta de Clara Dawn e alguns comentários enviados por E-mail:


"Às sete horas da manhã, como é o meu costume, leio os jornais. Ao ler 'Crítica a literatura goiana', segundo Márcia Brasil, publicada na quinta-feira 27/10,  eu ri. Fechei o jornal e fui escrever minha crônica tranquilamente, como é o meu costume na quinta-feira. Na quinta-feira sou inalabalável! Clara Dawn





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"Clara, agradeça à Márcia Brasil, ela é muito ruim de análise e crítica. Não responda, deixe que ela meta o pau, (ela pensa que é grande, mas é muito pequenininha), ela ajuda a divulgar o seu trabalho e faz com que pessoas, como eu, me lembre do quanto o texto de Clara é bom, faz-me lembrar do quanto o texto de Fátima Santana a seu respeito foi bom e relevante. Liga não, liga sim. Beijos e bons escritos." Ítalo Francisco Campos
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"Sobre a matéria publicada no DM-Opinião de domingo 23/10. Um olhar estrangeiro sobre Clara Dawn e suas crônicas publicadas no DM. Só agora eu vi. Estava viajando. Espero que não seja tarde para comentar. Vamos lá: " Não há conquistas fáceis. São as estradas sinuosas que levam ao caminho certo. O profissional, em qualquer ofício, alcançará o triunfo a partir de um espírito tenaz, forte, obstinado. Vejo em Clara essa pessoa, essa mulher que experimenta a celestial sensação de estar sendo um pouco reconhecida. Isso a torna perigosa de um crime ediondo: mulher, jovem, bonita e inteligente em destaque por seu trabalho de escrita profissional. Nada bom, para Clara Dawn. Embora pareça que é. Eu não tenho nada contra o crime que ela está cometendo, nada contra ela ser uma mulher que sabe escrever, contar histórias e chamar a atenção por suas carapuças que cabem em tantas cabeças. Mas, sei ver que o elogio, a mídia, os amigos os que idolatram poderam persegui-la, ameaçá-la, tachá-la, matar a sua arte se quiserem. Retalhar seus versos, deixá-los expostos pra servir de plágio. Clara agora pode resistir ao mais feroz dos tempos? A ira, ao pior julgamento, a inveja e crítica negativa? Tão jovem, pode? A revide virá e essa de Márcia Brasil é apenas o começo. Espero que Clara renasce e brota nova rosa. Atravesse a história e se for queimada viva, condenada por ser quem é, se descer ao fundo do inferno por causa de seu talento. Que ela  não tema nada e retorna inteira, maior, mais larga, Claramente mais obstinada. Parabéns". Poeta Waldomiro Prado

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"Não conheço Márcia Brasil, mas conheço a Clara Dawn e sou testemunha de sua grandeza literária.
Ela está de parabéns pelo seus belos textos, sua projeção, inclusive no exteriore destacando também o valor da mulher na literatura goiana e brasileira. Abraços." Maria Loussa

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"Não conheço essa pessoa "Márcia Brasil" e talvez ela entenda tanto de literatura quanto eu entendo de navegação cósmica, ou seja: nada! Não se preocupe com essas bobagens. "Só as árvores que produzem frutos é que levam pedradas", já ouvi alguém dizer. Sua literatura é segura, bem feita e possui uma leveza e clareza que faz bem a quem a lê. Lembro de uma professora (que se deram ao trabalho de publicar num jornal) criticar UM livro de UM autor goiano e condenar TODA a literatura goiana só porque não gostou do livro. Muito engraçado. Muito mesmo. Existem bons críticos, como Emir Monegal, críticos medianos, e péssimos críticos que não conseguem nem ler direito um autor, imagem fazer uma crítica bem feita. Quando muito, isso pode ser "invejazinha provinciana", como diria o escritor Brasigois Felício, de quem não consegue escrever e começa a querer derrubar os  outros. Ela, com toda a certeza do mundo, deve ter lido as 138 obras publicadas pelo projeto da prefeitura de Goiânia e, com toda a profundidade do mundo, pôde analisar cada uma delas e condená-las como lixo!!! Nós que criamos, que escrevemos, estamos condenados a ouvir umas bobagens como estas, mas prefiro ser um mau escritor a ser uma "excelente" crítica como esta. Abraços" do Elias Antunes.

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"Clara, não dê importância a isso. Essa pessoa, se ela existe, quer aparecer à custa de uma crítica barata e fajuta. Ela está chateada com o mundo e, consequentemente, com os escritores goianos. Como a carta foi por e-mail, pode ser um nome fictício de algum recaldado. Eu li a carta e cheguei a essa conclusão. Realmente, deixa a gente chateado". Hélverton Baiano

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Clara Dawn na "Revista Hoje"













Edição 57, Ano 5, Setembro - 2011
"Culturamix" página 48
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www.revistahoje.com.br

Um olhar estrangeiro sobre a obra de Clara Dawn - Segundo a professora e crítica literária *Fátima Santana

A recepção da literatura brasileira no exterior tem sido estudada no mundo acadêmico, mas ainda é umassunto pouco divulgado. Há poucas publicações que analisam a maneira como os autores brasileiros são lidos fora de seu local de produção.
Eu acabo de ser jubilada pela FLUC – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde trabalhei por mais de três décadas. O jubileu não é espantoso quanto  pensa os parceiros do oficio de educar. Não quando se pode voltar à terra natal e contemplá-la na magnitude de ações culturais, especialmente da literatura. Literatura, meu material de vivência e estudo de uma vida inteira. Literatura: jamais me canso de ti!
E é por razão de nunca me cansar que estou sempre recebendo presentes: livros,  evidentemente. Dezenas chegam pelos correios, outros tantos me são regalados por amigos e parentes. Não preciso comprar-los, os livros me chegam a mim. Foi num desses tantos, que recebi, o ano passado, “Alétheia” de Clara Dawn. Li, gostei, esqueci. E esse ano dentre muitos outros que me foram regalados, recebo “Sofia búlgara e o tabuleiro da morte” também da, esquecida (por mim), Clara Dawn. Li, gostei, me incomodou. Assim eu resumo em poucas palavras a minha singela observação da obra da “concreta e inacabada” literatura Claradawniana e tentarei, por vez, dissertar na sintaxe do português brasileiro.
 Clara Dawn desenvolveu um estilo literário ímpar. Com livros marcados por singularidades e inovações linguísticas, a escritora se encaixa a lista dos que incorporaram traços inéditos à literatura brasileira produzida em Goiás.
A ficção claradawniana se concentra nas regiões mais profundas do inconsciente, ficando em segundo plano o meio externo, pois quase tudo se resume à mente das próprias personagens. Portanto, Clara Dawn é o nome de uma tendência intimista a literatura escrita em Goiás. O ser, o estar no mundo, o intimismo formam o eixo principal de questionamentos tecidos em seus textos introspectivos de prosa-poética. Não centra sua obra no social, no romance engajado, mas sim no indivíduo e suas mais íntimas aflições, reproduzindo pensamentos das personagens.
Artifício largamente utilizado por James Joyce, Proust e, sobretudo, Virgínia Woolf. O fluxo da consciência marca indelevelmente a literatura de Clara Dawn. Tal aspecto consiste em explorar a temática psicológica de modo tão profundo que o assunto nunca é completamente explorado, ou seja, as diversas possibilidades de análise psicológicas e a complexividade da temática contribuem para a inesgotabilidade do assunto. O fluxo da consciência indefine as fronteiras entre a voz do narrador e a das personagens, de modo que reminiscências, desejos, falas e ações se misturam na narrativa num jorro desarticulado, descontínuo que tem essa desordem representada por uma estrutura sintática caótica. Assim, o pensamento simplesmente flui livremente, pois as personagens não pensam de maneira ordenada, mas sim de maneira conturbada e desconexa. Portanto, é a espontaneidade da representação do pensamento das personagens que caracteriza o caos de tal marca literária.
O monólogo interior é outro artifício utilizado por Clara Dawn que contribui para a construção da atmosfera introspectiva. Essa técnica consiste em reproduzir o pensamento da personagem que se dirige a si mesmo, ou seja, é como se o “eu” falasse pra si próprio. Registra-se, portanto, o mergulho no mundo interior da personagem, de suas crônicas, a “Neura” que revela suas próprias emoções, devaneios, impressões, dúvidas, enfim, sua verdade interior diante do contexto que lhe é posto.
Não se deve afirmar que Clara Dawn seja a pioneira no emprego da epifania na prosa  da literatura de Goiás. “No sentido literário, a "epifania" é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que "ilumina" a vida da personagem.” O que acontecia de modo peculiar e brilhante nas crônicas de Anatole Ramos e Marieta Telles. Anatole em "Fazendeiro que Dedurou os Bispos (1978)" com os flagrantes do cotidiano, os problemas, as alegrias, os protestos, os sonhos e as esperanças de todos nós e Marieta Telles Machado que era cronista por excelência, transitava pelas áreas da literatura epifânica  nos anos de 1980. Não havia genialidade em ambos, eles não escreviam para a elite ou para a plebe, crônicas dirigida ou bitoladas. Apostavam na linguagem,simplesmente,  compreensível para quem sabe ler, sem poses, sem afetação, pobre de hermenêutica, mas ricas de espiritualidade social.
Mas posso, assim, dizer que nos textos de Clara Dawn ela consegue impor genialismo a simplicidade e o seu objetivo maior é o momento da epifania: por meio de uma espécie de revelação (o que se dá por meio de um fato inusitado), a personagem descobre que vive num mundo absurdo, causando um desequilíbrio interior que, por sua vez, provocará uma mudança radical em sua vida ou não. Honestíssima, espirituosa, imaginosa e de raciocínio célebre, Clara salta num átimo de tempo de poetisa dos valores morais, de contador de histórias acriançadas a embaixadora da alegria e da surpresa. O fator surpresa é inevitável aos escritos de Clara Dawn
É também peculiaridade da autora a construção de textos inconclusos e outros desvios da sintaxe convencional, além da criação de alguns neologismos. Clara Dawn não adota o padrão da gramática normativa, pois tem na valorização da expressividade do texto a regra primordial de sua literatura. Assim, as frases não são feitas com o rigor gramatical e coerente, mas sim com o primor e o viço da expressão artística.  Assim, podando os excessos e desconsiderando os modismos, Clara Dawn desponta entre os melhores escritores da literatura brasileira produzida em Goiás.
Clara Dawn tem uma significativa produção como cronista em periódicos regionais. Reunidas no livro “Sofia búlgara e o tabuleiro da morte”, Kelps, Goiânia, 2011.  Clara escreve crônicas como num ritual romântico e fez um romance cronicamente.  Que Deus me dê vida para ver Clara erguendo tijolos, colunas e teto. Parabéns. (Ensaio publicado no Diário da Manhã - Opinião Publica - página 04. Dia 23/10/2011 - Goiânia - Goiás)





*Fátima Santana é professora, jubilada, dos cursos de “História da Arte e Literatura da Língua Portuguesa” da FLUC – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – Portugal