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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"O Chapinesco" de Clara Dawn - por Celso Moraes Faria

"Teço modestas considerações acerca do mesmo. Longe de mim querer fazer um arremedo de crítica literária, são meramente opiniões de um leitor 'paisano'.

Gostei do início 'Perto, muito perto', numa resposta ao clichê do 'longe, muito longe', tão comum e cansativo dos contos de fadas. A descrição minuciosa do cenário faz com que a gente 'veja' o vilarejo com os olhos de nossa mente, e chegamos a acreditar – mercê do pacto de leitura – que tal lugar efetivamente existe. Um lugar de antíteses, expressas aqui e ali, como na expressão 'esgoto adentro e rio afora'.

Interessante as palavras derivadas do nome do criador do imortal Carlitos. O adjetivo 'chaplinesco' e o verbo 'chaplinescar' trazem à memória o andar bamboleante do inesquecível personagem, e eu cheguei mesmo a 'vê-lo' na inglória luta com a sua sopa de sapato.

Singular vilarejo, que se permite o luxo de ter uma réplica da igreja parisiense de Val-de-Grâce; imagine-se a quietude e a tranquilidade desse lugarejo, um verdadeiro Vale da Graça, que só não é perfeito, apesar da ruína, porque ali 'sempre chove'.

Trata-se de um conto em que, mais importante que a ação, é fundamental a descrição do panorama e a construção psicológica dos personagens. O pedinte que 'não usava botas de borracha e tampouco possuía um guarda-chuva' é um primor de criatividade, sentado na calçada a filosofar com a propriedade de um Rousseau. Seu vocabulário, erudito e rico, contrasta com a ideia que se tem de um mendigo interiorano. Mas, a bem da verdade, aqui mesmo em São Luís de Montes Belos há um sujeito maltrapilho que vaga pelas ruas e discorre com propriedade acerca de assuntos complexos, sendo também, aparentemente, um expert em Química, sabendo de cor a tabela periódica (!). Vida imitando a arte, e vice-versa.

O fecho do conto, o diálogo à primeira vista pleno de nonsense, encerra de forma incisiva o texto, deixando o leitor comum (os não iniciados, não como nós, que lemos muito e chegamos a um patamar mais elevado) a se perguntar 'que parte eu não entendi?' ou mesmo 'há algo mais para se entender aqui?'.
Enfim, gostei do texto. Um grande abraço de seu leitor". 

 Celso Moraes Faria é professor em São Luís de Montes Belos

1 comentários:

Cliff Seward disse...

É para mim motivo de satisfação ver minhas considerações acerca dessa fabulosa Clara publicadas em seu fã-clube, que tem a mim como um membro orgulhoso. Exceto pelo pequeno deslize no título, pela falta do "l" em "Chaplinesco", o resto, como diz certo personagem, "é só alegria". E que Clara continue a nos brindar com belos regalos...

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