Lá Sebastiana de Pablo Neruda |
"Estimada Clara Dawn,
você me surpreende a cada dia. Desta vez duplamente: pela dedicatória da cronica e, mais que ela (a dedicatória), pela beleza do seu texto. Você deve ser a primeira em Goiás a escrever uma crônica com a natureza poética da crônica. Linguagem e metalinguagem sem pedatismo, narrando poeticamente a "construção" dessa parede (dessa casa) maior que o mundo, eterna pela força poética da linguagem. Os teóricos de Goiás têm de conhecer e louvar a sua "Parede". Quando a li, lembrei-me de um poema meu "A Casa", em & Cone de sombras (1995), onde me valho de expediente parecido na construção de um poema:
A CASAvocê me surpreende a cada dia. Desta vez duplamente: pela dedicatória da cronica e, mais que ela (a dedicatória), pela beleza do seu texto. Você deve ser a primeira em Goiás a escrever uma crônica com a natureza poética da crônica. Linguagem e metalinguagem sem pedatismo, narrando poeticamente a "construção" dessa parede (dessa casa) maior que o mundo, eterna pela força poética da linguagem. Os teóricos de Goiás têm de conhecer e louvar a sua "Parede". Quando a li, lembrei-me de um poema meu "A Casa", em & Cone de sombras (1995), onde me valho de expediente parecido na construção de um poema:
De madeira de lei, a casa
tem sua lógica, seu prumo:
risca-se um nome e o que se traça
é parte viva do conjunto.
Na expectativa de apreendê-la
algo se dá e se edifica:
finca-se o esteio de aroeira
e ergue-se um céu de pau-a-pique.
Na cumeeira, abrindo as asas,
a profusão de sol e festa:
caibros e ripas — a sintaxe
e a enunciação da viga-mestra.
No chão batido, a sombra e o cheiro
da palavra verde enlaçada;
e no ar, a ponta de um novelo
prendendo a música da flauta.
Nalgum lugar uma janela
do novo espaço se articula,
como se do ermo da matéria
brotasse um ramo de leitura.
E o que se deu se abre e se alinha
na execução de seu projeto,
enquanto a palavra sucinta
se faz vertical, como um cedro".
O abraço agradecido do Gilberto Mendonça Teles
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