Crítica literária é coisa muito séria. Requer profundos conhecimentos das mais variadas áreas do saber e, sobretudo, da arquitetura do discurso artístico. Há gêneros literários, entretanto, que a requerem ainda mais acurada. A crônica, pela multiplicidade de faces e de máscaras que escondem e revelam e pelo caráter estético que a singulariza, ou pelo efêmero do momento, requer mais sabedoria do crítico, a fim de que não fale asneiras!
– Essa aula está boa, mas onde você deseja chegar com esse intróito!
– Desejo dizer que na crônica se pode discutir arte, filosofia, política, sociologia, antropologia; enfim, todos os ramos do conhecimento. E exatamente por isso, exige ciência para ser criticada e, não, fazer-se um mero comentário audacioso e, sobretudo, que demonstra despeito e desrespeito à figura do cronista, como uma tal Márcia Brasil fez às crônicas de Clara Dawn!
– Mas, o senhor e, mormente, a sábia cronista, não deveriam se preocupar, porque, pelo que se observa no invejoso comentário, a autora sequer sabe escrever: veja a virgulação empregada pela infeliz; o início de períodos com pronome átono; a estrutura estropiada das frases... Isso é suficiente para desqualificar sua crítica de analfabeta funcional e, notadamente, de mal amada ou mal-armada, e, sobretudo, de despeitada! Analfabeta, porque sequer conhece a Bíblia, por achar que Moisés, do Antigo Testamento, salvou os hebreus de Herodes, do Novo Testamento, em vez de tê-los salvado da fúria do Faraó Ramsés II. Como suas colocações demonstram total despreparo psicológico, psiquiátrico, linguístico, numênico e fenomênico, Clara não tem razão nenhuma para se preocupar com essa figura troglodita.
– Mas, primeiro, as crônicas de Clara, além de se aprofundarem em problemas intrincados da existência, como o fez Clarice Lispector, ou apresentarem forte percepção lírica, rara nesse mundo materializado, como o fizera Cecília Meireles, ainda se erigem sobre um discurso altamente estético, à medida que interage com a poesia, através de imagens situadas naquela imaginário teorizado por Bachelard e Durand. A imagem empregada, por exemplo, para descrever a alegria do dia nascituro ao som da inimitável Piaff, bastaria para elevar a sua crônica, “Travessuras róseas”, ao poético: “Mas naquela madrugada ousou o fino trato musical deixando-me sustenida pela eterna e meiga voz de Edith Piaf. A transposição do vocábulo “sustenida” da estrutura musical para o ser do narrador, conforma-o a outra dimensão semântica e confere-lhe uma notação metafísica, uma vez que o narrador se insere no sublime de “La vie en rose”.
– Pois é, professor, mas se ela não sabe escrever, certamente se sentiu ferida pelo desprezo à matéria do supra-sumo do mau gosto musical, representado pela dupla sertaneja. Além disso, sem dúvida, ela jamais ouviu falar de Edith Piaff, gênio da canção francesa. Depois, quem não sabe a língua-mãe, muito menos entenderá o francês piaffiano!
– Seu Ângelo, o senhor está sendo duro demais com essa disfarçada em pseudônimo, pois, pesquisando em todos os meios de comunicação escrita ou falada, inclusive nos cibernéticos, não descobri quem é essa senhora. Ex-BBB não deve ser, embora ela se situe no mesmo nível daquele pessoal contemplado com milhões pela incultura nacional, a que ela representa com todas as letras! Acredito que uma paulista, jornalista, não deve ser. Se for, que a carapuça se lhe adéqüe, com todos os babados, à cabeça!
– Mas, a fulaninha é extremamente ousada em seu nenhum saber, pois coloca todos os autores, novos e velhos, canônicos e não canônicos, “matres genitrices” da cultura goiana, no lixo!
– Estou chegando à conclusão de que essa Márcia Brasil sofre de “delirium tremens”, para não dizer loucura varrida, pois nada conhece da literatura dos goiazes, uma vez que nunca leu Gilberto Mendonça Teles, Bariani Ortencio, Miguel Jorge, José Mendonça Teles, Hélio Moreira, Licínio Leal Barbosa, Gabriel Nascente, Hélio Rocha, Brasigóis Felício, Lacordaire Vieira, Edival Lourenço, Luiz Augusto Sampaio, Luiz de Aquino, Heleno Godoy... e até Anatole Ramos, que fazem parte da coleção Goiânia em Prosa e Verso e que também foi pro lixo.
– O pior de tudo é que, além de néscia, palavra muito nobre para substituir DMP – distúrbio mental permanente, ou BP – burrice permanente –, usa daquela má-fé de que fala Jean-Paul Sartre em seu famoso “L’être et le neant”, porque, pelo que tudo indica, se esconde atrás de um pseudônimo. Ninguém, em sã consciência, escreveria uma asnice tamanha com relação a Clara Dawn e, muito menos, com relação a uma literatura que, além dos nomes por ela postos no lixo, ainda se orgulha de possuir escritores da estirpe de Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Élis, José J. Veiga, Cora Coralina, Yeda Schmaltz, José Godoy Garcia, Leo Lince...
– Será que ela sabe, por exemplo, que além do Miguel Jorge, que vai lançar o seu “Veias e vinho”, traduzido para o italiano com o titulo de “Sangue e vino”, nas cidades de Leonardo Da Vinci, Tito Lívio, Dante e de Plínio, o moço, a obra poética de Gilberto Mendonça Teles já foi traduzida para o francês, o espanhol, o búlgaro, o italiano, o chinês, o japonês, inglês, e a de José J. Veiga, para o sueco, dinamarquês, espanhol, norueguês, inglês. Se fossem lixos, como essa senhora desequilibrada o diz, os cultores de Cervantes, de Dante, de Shakespeare, de Rabelais, de Kafka, de Joyce, lê-los-iam?
– Não é sem razão que ela se chama, ou se auto-nomina, Márcia Brasil, porque é imagem e matéria da incultura, da corrupção, do descaramento que viceja nestes brasis. Basta-se ver o ENEM “et caterva”!
– Eh! Só nos resta rezar por ela: Veni Creator Spiritus, mentem Maciae visita!
* José Fernandes é membro da Academia Goiana de Letras – thjfernandes@gmail.com
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