Fonte: Jornal Opção
“De pedras e pedradas: o som e a fúria”
Mas
o que foi aquilo? Alvoroço por conta de um mero exercício do intelecto,
de curiosa leitura e repasse de observações. Não somos críticos
literário, não fazemos crítica, comentamos aspectos, expressamos
impressões de leituras. Similitudes em literatura existem, sim, pelo
mundo afora (em nós mesmos, como admitimos no artigo), e não quer dizer
que este ou aquele autor está plagiando ou que não tenha talento. Não
intentamos minimizar a obra de ninguém. Os temas são sempre os mesmos,
universais, e mais importa o modo de cada um contar. Escritores não
estão isentos, estão expostos e devem ter caixa torácica ou psicológica
aberta aos ventos adversos de alguma crítica. No nosso caso,
particularmente, a “fama” é que nos difama. Aos 73 anos de idade, sob
patrulhamento civil e censura à livre-expressão sobre literatura!
“Posso
não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu
direito de dizê-lo” (frase atribuída, controversamente, a Voltaire).
Tratando-se de pessoas letradas, que levamos em consideração, sugerimos
que releiam, mais atentamente, o texto “De hóstias e de pedras” (caderno
“Opção Cultural”, Jornal Opção 2102), no qual comentamos e especulamos
sobre aspectos paralelos nos romances da escritora Clara Dawn e de
Camilla Läckberg, autora sueca. Mais acuidade na leitura: perceberão que
ressaltamos o talento de Clara Dawn e as qualidades de seu novo
romance. O mais são conjecturas, suposições de ressonâncias (ou nada
disso, como deixamos claro no artigo), sem o intento de “detonar” uma
talentosa escritora. E mais: visitem o blog de Clara (www.claradawn.com)
e leiam (se lá ainda se encontra) a vinheta sobre o primeiro romance,
“Alétheia”, publicado por ela: “Considerado pelos escritores Edival
Lourenço e Valdivino Braz, como a revelação de um novo estilo na
literatura goiana”. Como, então, haveremos de boicotar ou detonar uma
escritora por nós mesmos reconhecida?
E,
como assim, virem dizer que boicotamos o romance de Clara, que a
detonamos, e outro a insinuar que só gostamos de literatura fast food?
Muito raramente lemos alguma obra deste gênero, e se lemos “O Cortador
de Pedras”, de Camilla Läckberg, foi porque primeiramente estávamos a
ler “O Cortador de Hóstias” (prestigiamos o lançamento da obra), de
Clara Dawn, e então nos deparamos com o romance da escritora sueca nas
prateleiras de um “sebo” (livros usados). Só por isso compramos o livro
de Camilla Läckberg. E morremos. Se a curiosidade mata, como dizem,
ponderamos que a curiosidade também é fonte de conhecimento, por
temerário que seja. Não há melhor metáfora sobre o risco do conhecimento
do que as páginas de livro envenenadas no romance ”O Nome da Rosa”, de
Umberto Eco.
Releiam
o artigo “De hóstias e de pedras”, de forma mais isenta emocionalmente
(certo, amizade é coisa sagrada, e muitos que usaram o Facebook ainda
nem tinham lido o romance de Clara), desprendidos de uma apressada e
animosa interpretação do texto. Aqui lamentamos muito, muitíssimo, que
Clara Dawn sofra por causa dos nossos incompreendidos comentários. Um
texto híbrido, que redigimos, dentro do nosso costumeiro estilo (que
Clara conhece bem), e alguns criticaram porque não o entenderam. Não,
Clara, não nos fale em parar de escrever. Não pare, nunca! Como nos
disse (a mim), via e-mail, um intelectual amigo, sobre o artigo: “Seu
texto é muito bom, e valoriza o livro de Clara, inclusive ao situá-lo.” E
outro, doutorando em Literatura: “Vi o seu texto, gostei muito. E você
colocou em evidência o romance de Clara.” No Facebook, alguém, meio que
mais ponderado, ressaltou que “cada um tem uma forma peculiar de sentir e
interpretar”. Então é também isso aí.
Valdivino Braz é jornalista e escritor.
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